Em dois mil e sete o telefone não tocava.

Me lembro de pouca coisa. Era quase setembro e eu me perdia pela janela que se abria para o mundo assim como o meu coração também. É engraçado como algumas coisas acontecem sem que a gente permita, né? É... É, meu caro amigo, acendi um fogo demasiado perto e olhei para a minha própria sombra em minhas próprias pernas dobradas com uma força tão bruta que desconhecia. É interessante ver o quanto as coisas mudam de rumo. As ruas mudam de rumo, ou eu mudo de mundo e rumo que muda o mundo que muda. As coisas mudam, meu caro. Você não come um pote de nutella e fica eternamente feliz. Dias depois você se olha no espelho e se sente gordo, feio, chato. A gente enche o outro de razão mas dá é nisso, meu caro. Dá é nisso. Somos chamados de fracos e velhos. Só por dizer um 'sim, você tem razão'. Já reparou como as pessoas são egoístas e capitalistas e individualistas? Tá. Vou parar de ler o Caio Fernando Abreu. Não. Não. Vou parar de dizer o que aprendi com ele. Eu sinto, viu? Eu senti e na minha falta do que não fazer, não faço nada. Me lembro daquele ano de 2007 e daqueles morangos mofados na geladeira. Na geladeira que eu abria e fechava durante toda a noite, só porque o telefone não tocava. Nunca.

2 comentários:

Laura disse...

Palavras lindas!
Você é demais!
TE adoro, viu?!

Laurinha Mendes disse...
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